Funeral de Luciano Guidotti e restos do Comurba
Funeral de Luciano Guidotti e restos do Comurba. Fotógrafo desconhecido. Arquivo Histórico da Câmara |
Essa imagem está preservada no Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara Municipal de Piracicaba e integra a coleção “Funeral de Luciano Guidotti”. Hoje é o destaque da série Achados do Arquivo, que é publicada às sextas-feiras no site oficial do Legislativo, em parceria com o Departamento de Comunicação Social.
“O Comurba, a imponente edificação que foi ao chão, e o falecido prefeito são símbolos do progresso e da modernidade que o período oferecia”, avalia Gabriel Tenório, estagiário de História da Câmara e responsável por fazer a pesquisa sobre a imagem icônica.
Nascido em Avaré, em 1903, Guidotti veio a Piracicaba em 1929, onde se tornou proprietário de lojas. Foi prefeito por dois mandatos, de 1956 a 1950 e de 1964 a 1968, quando faleceu, no dia 7 de julho. Um dos principais feitos de sua gestão é a canalização do Córrego Itapeva, onde hoje passa a extensa – e movimentada! – avenida Armando de Salles Oliveira.
O Edifício Luiz de Queiroz, o popular "Comurba", teve a construção iniciada nos anos 1950. A então pacata cidade dava um passo no progresso arquitetônico da época. Quarenta metros de altura, 54 apartamentos e 22 mil metros quadrados de construção – na conjuntura local, um arranha-céu! O prédio reunia escritórios, clubes, galeria de lojas e até um cinema. Era semelhante ao Edifício Copan, em São Paulo, e, assim como na metropolitana Paulicéia Desvairada, era símbolo de progresso arquitetônico também na provinciana Noiva da Colina.
MORTES REPENTINAS
Guidotti e o Comurba tiveram mortes repentinas. Na tarde de 6 novembro de 1964, por volta das 13h35, parte do prédio às margens da Praça José Bonifácio veio abaixo. “De repente do riso se fez o pranto” – como diz o clássico da Bossa Nova – e toneladas de estruturas de alvenaria enterrou o sonho do “Copan caipira”, assim como o de dezenas de vítimas da tragédia que gerou um trauma coletivo na comunidade . Por anos, a cidade evitaria edifícios do mesmo porte.
No dia de sua morte, Luciano participou de um almoço no Lar dos Velhinhos – “a primeira cidade geriátrica do País”, onde era presidente. Após a refeição, partiu para sua casa a fim de dormir e descansar. Poucas horas depois, o prefeito desbravador de obras era declarado morto. Infarto fulminante, como declararam os médicos. Um alvoroço tomou conta de Piracicaba e a cidade trajou luto. A pacata comunidade vivia, então, um novo trauma – desta vez, o de presenciar o passamento de sua principal liderança da época, o prefeito Guidotti.
É na esquina das ruas São José e Boa Morte que os ícones de uma época se encontram. O velório do prefeito aconteceu no antigo prédio da Prefeitura de Piracicaba – onde atualmente é o estacionamento da Câmara, que na mesma direção cruza com a rua Alferes José Caetano.
O cortejo, então, iria ladeando a praça José Bonifácio tendo como destino a Igreja Catedral de Santo Antônio, onde ocorreria a missa de corpo presente. Ao virar à direita, o fotógrafo – ainda não identificado – capturou o momento; o caixão de Guidotti sendo levado pela multidão e, ao fundo, o “fantasma” do Comurba, que jazia há uma década.
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